Domingo

Domingo de chuva, na varanda, tomando um vinho barato, escrevendo memórias, ouvindo Vivaldi, roupas balançando no varal e uma cachorrinha amorosa tentando se aninhar ao meu lado. À minha frente um telhado molhado, lá na rua amendoeiras masoquistas, prontas para se despir de suas folhas largas e enfrentar o inverno com galhos nus. Um cinza chumbo abarca tudo, numa ode à chuva. Lá longe uma réstia clareia o cume de uma montanha. Logo ali ao meu lado uma roseira triste sustenta uma rosa grande e murcha… Um bem-te-vi irrompe com seu pio agudo, desintegrando a beleza lúgubre desta tarde cinzenta. Solidária a ele uma luz se acende… Um convite ao desencanto. Sinto saudades de meu coração de portas abertas, pronto para abrigar manhãs e noites feito esta tarde…

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